No princípio havia o caos. O Homem das Neves pode ser o ultimo homem na terra, o sobrevivente solitário de um apocalipse sem nome. Quando ainda se chamava Jimmy, ele vivia com os pais nos Complexos, cidadelas fundadas por multinacionais onde a elite financeira do planeta dava seus primeiros e pouco inibidos passos na direção da engenharia genética, na tentativa de atender as constantes demandas dos conglomerados farmacêuticos. Agora, o Homem das Neves vive em um amargo isolamento, sobrevivendo como um paria em seu próprio habitat. Quando não precisa sair em busca de comida em um deserto infestado de insetos, ou encarar a destruição da antiga plebelandia, a terra dos desprivilegiados, hoje povoada pelos animais criados nas experiências transgênicas do passado, seu único prazer esta em assistir a filmes antigos em DVD que o fazem lembrar do mundo de outrora e em entreter os Filhos de Crake, crianças de uma nova espécie com estranhas habilidades que o tratam como um ídolo. Como tudo veio abaixo tão depressa? Enquanto o Homem das Neves reconstitui suas lembranças na tentativa de descobrir as origens dessa catástrofe irreversível, sua mente e povoada pelas vozes de seus amigos da juventude, o enigmático Crake e a sedutora Oryx, personagens-chave por trás do Projeto Paradiso, o grande responsável pela modificação definitiva da Terra e a derrocada da espécie humana. O primeiro de uma trilogia que inclui O ano do Diluvio e se encerra com MaddAddao, Oryx e Crake consolida o retorno de Margaret Atwood ao gênero da ficção científica, em uma narrativa marcada pelas questões éticas e morais sobre o futuro da humanidade, e na qual a verdade esta na descoberta dos mundos interiores de seus personagens. Por mais estranho que tudo pareça, o futuro e um cenário assustadoramente familiar. (Rocco)