Em sua obra mais conhecida, o rabino Nilton Bonder lança mão de uma serie de parábolas judaicas para destrinchar dois impulsos naturais humanos: o da perpetuação e o da ruptura. Através de uma exposição brilhante e reveladora, o autor nos faz perceber que, ao contrario do que geralmente pensamos, tradição e transgressão, continuidade e mutação, assim como religião e biologia, não estão em campos opostos. O mais fantástico, conclui o rabino, e que, embora sejam paradoxais, estas ideias estão sempre interligadas. O livro parte de um pressuposto: vivemos em um mundo que redescobre o corpo e, portanto, necessita de uma nova linguagem para descrever a natureza humana. Baseado em textos sagrados, Bonder nos remete a um paraíso onde os únicos mandamentos eram multiplicar-se e lidar com a questão da transgressão . A consciência humana foi formada, conclui o rabino, desta descoberta fantástica de que nossa tarefa não e apenas procriar, mas, nas condições certas e na medida certa, transcender a nos mesmos. Vital para a continuidade da espécie, a traição como a de Adão e Eva e tantas outras e que gera o conceito de alma. A alma e o elemento do próprio corpo que esta comprometida com alternativas fora deste corpo. Enquanto o corpo forja a moral para garantir sua preservação através da procriação, a alma engendra transgressões. Esta alma que questiona a moral, assumindo-se muitas vezes imoral, e apresentada através de incontáveis transgressões em textos e conceitos antigos. Este e um livro de profundo impacto na reflexão sobre o certo e o errado, a obediência e a desobediência, as fidelidades e as traições. Um convite para conhecer as profundas conexões entre o traidor e o traído, entre a marginalidade e a santidade, entre a alma e o corpo.(Rocco)