Maria e Arthur se encontram em Paris no inicio de 1968. Ela estuda filosofia na Sorbonne, ele e poeta e artista de rua. Juntos vivem os excessos daqueles anos de revoluções e utopias e fogem da ditadura no Brasil, divididos entre o deslumbramento pelo que o Velho Mundo lhes oferece e a permanente sensação de que são intrusos na grande festa que e Paris. Maria passa o dia lendo Descartes e tenta seguir a risca as orientações do professor de filosofia sobre métodos de simetria e perfeição na condução de sua vida. Arthur e um libertário, idealista e sonhador, inimigo da rotina e artista nato. A realidade do Brasil, imerso numa ditadura violenta, e a sombra que permeia a relação dos dois, e também o apartamento ao lado, onde outro brasileiro, conhecido como Marechal , reúne estrangeiros que passam pelo mesmo problema em seus países e articulam um modo de resistir ao poder brutal das armas. Duas vezes ganhadora do premio Jabuti, Luciana Hidalgo narra em seu segundo romance uma historia de amor, sonhos e desilusões, tendo como pano de fundo um período conturbado da historia, tanto na Europa quanto no Brasil, com uma prosa poética e potente. Neste livro, a autora reforça outra característica sua, bem presente nas obras anteriores: a identificação com aqueles que vivem a margem, os que se opõem ao sistema e não se permitem levar a vida certinha que lhes oferecem, os que lutam contra injustiças e pagam com a própria vida, os chamados loucos, com suas realidades essencialmente próprias, personagens sempre capazes de proporcionar uma rica literatura. (Rocco)